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analfabeta emocional

Irresponsável no amor.
Nunca soube gerir seus relacionamentos:
Nem matrimoniais,
Nem filiais. 
Não foi boa filha. 
Não foi amada no trabalho,
Nem aclamada pelos alunos. 
Simplesmente alguém que não faria falta,
Invisível.

Não teve inteligência emocional 
A propósito, não teve inteligência alguma. 
Sempre sonhadora, sempre no mundo da lua 
Esperando dos outros o que carregava de si 
E o coração , sequioso por carinho. 

Apenas uma mulher invisível.  

a calma dos que aguardam

Foi tomada por uma estranha calma. A mesma estranha calma que a muitos anos aprendera a fingir controlar. Já não sentia mais medo de nada, nem arrependimentos. Era apenas uma mulher de 40 anos, exausta das trapaças da vida em seu nome. 

Aquela mulher foi tomada por uma tristeza absurda. Senfia- se exausta por importar-se tanto. Talvez porque sonhava e sonhar a impedia de ver a vida como ela é,  dura e cheia de caminhos tortuosos. 

As lágrimas escorregava pelo seu rosto, como se já soubessem os velhos caminhos pra naufragar. Já não havia mais intenção de domá-las, melhor deixá-las caírem livremente, como quem segue seu curso rio abaixo. 

Era uma mulher exausta de ser mulher.  Naqueles anos todos em que cultivou o sonho de construir uma família se viu naufragando em tantos momentos raros e sem vida, na sede e na ambição por ser amada. Continuava fazendo tudo por isso. Continuava fugindo de si mesma. 

Afinal, quem era ela? Já não sabia desde sempre. Ao perceber essa constatação encheu-se de fúria e desgosto. Deveria ter promovido um encontro consigo mesma há muito tempo. Olhava-se no espelho é não reconhecia. Era um rosto pálido, ainda que sem rugas e linhas de expressão.  Os cabelos, alisados pelo tempo, não lembravam aquela menina que foi, de. Abelos longos e sonhos saltitantes . 

Era só uma mulher de muitos relacionamentos falidos que sempre encontrava novos motivos pra não confiar a sua vida a ninguém.  Estava sempre alerta, aguardando o próximo golpe, a próxima decepção,  a próxima queda. Não conseguia compreender por que ainda se importava tanto. Afinal, de tanto cair uma hora é preciso levantar e limpar os joelhos. Joelho ralado doía bem menos, bem menos. 

só se conhece alguém na raiva

A raiva é ilusão perdida:
Por ela se permitem ofensas,
Se permitem palavras toscas
Se permite o ódio inveterado.

Pela raiva se perde a fé,
Se perdem as próprias certezas:
Tudo em virtude do desequilíbrio.

A raiva é dor não exteriorizada do jeito certo.
E por doer tanto, se expande e dói também nos outros,
Que magoamos sem perceber. 

A raiva é escuridão,
É imensidão ao avesso, 
É pedaço de chão em nós mesmos, 
É a treva do ressentimento. 

Raiva é sentimento vão. 
Que não ajuda, só atrapalha.
E nos conduz à solidão. 

ridícula

Me sinto ridícula te amando.
Me sinto mais ridícula ainda não me amando. 

enchente.

Perdi a fé e o coração.
Numa tarde de domingo.
Com ela se acaba a semana e minha esperança.
Já não sou mais uma mulher invisível,
Percebo minha imensidão,
Ainda que dentro de mim. 
Já não há motivos pra acreditar na fé dos outros.
Já não há esperança de que calcem meus sapatos. 
Sigo com a mesma certeza de estar sozinha, mesmo acompanhada. 
Perdi a fé em mim, há pouco reconquistada. 
Esmaeço em sonhos aflitos 
Que não se concretizaram.
Dentro de mim é grito,
É verbo,
É verso sem rima. 
Dentro de mim chove, mas nem é uma tempestade.
São apenas murmúrios do céu 
E lamentos poucos que sussurrei,
Mas ninguém ouviu. 

apenas mais um amor perdido.

A cada dia meu amor se estanca
Antes jorrava, como água cristalina 
Agora é apenas uma ferida de onde brota vermelho sangue. 

O amor é uma ilusão perdida 
Dessas que se encontra na esquina
Num dia de bebedeira. 

O amor é um poema de Bukowski. 

O meu amor foi apenas uma conjectura. 
Amei um desconhecido. 
E ele jamais me amou, apenas disse. 
E eu acreditei,
Como se ainda tivesse 17 anos. 

Não posso julgar minha ingenuidade.
É que tanto quis, que fiz por ser.
Mas era só dentro de mim 

Então o príncipe se rendeu a quem verdadeiramente é,
E o pseudo - amor cedeu. 
Já era hora de entender que amores vem e vão,
Como cinzas em silêncio,
Como lágrimas da madrugada
Que se apagam com maquiagem...

aflições diversas.

Ando muito aflita. Angustiada, me sentindo sem lugar no mundo. Nem as palavras têm vindo me acompanhar. Tenho a leve impressão de que eu também tenho me esquivado de acompanhá-las. E assim vamos indo. Sinto que as pessoas me olham e me julgam e seus julgamume fazem sentir apego al isolamento, ao silêncio e ao cansaço. Talvez seja eu mesma o olhar que julga. Não sei exatamente. Sei apenas que a minha vida se parece cada vez mais com a minha velha vida de adolescente, fechada em meus silêncios e sonhos imaginários. Provavelmente os outros nem suspeitam, porque sigo alegre, sorridente e interagindo com outros mundos, embora pouca gente esteja autorizada a interagir com o meu.